sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Reflexões em torno do salário mínimo, por Carlos Saraiva, do Núcleo Sérgio Buarque de Holanda

Companheiros(as), a votação do salário mínimo, traz para nós a oportunidade de refletirmos um pouco sobre o momento atual e seus desdobramentos. O espetáculo de cinismo, demagogia da oposição não pode apenas traduzir um momento apenas. A atuação da oposição foi correta do ponto de vista de tática política. Constranger o governo e o PT e jogar com as nossas “contradições”. Ao fazer isso teve de assumir um discurso do “adversário”, desnudando suas fragilidades e profundas contradições ideológicas. Para encobrir essas contradições, declaram-se todos petistas e denunciam o PT como os “traidores”. Que bela farsa. A oposição passa à ser a grande defensora da classe trabalhadora, denunciam os banqueiros. Juntam-se ao PSOL, reclamando dos juros pagos para abater a divida e os cortes feitos no orçamento. Aqui na orquestração junto à mídia, justificam a atitude da presidenta, à “herança maldita” deixada por Lula. O que deve fazer o PT, diante desse quadro dantesco. Ir mais uma vez para a defensiva? Acomodar-se ao inevitável discurso, da responsabilidade fiscal? De um governo responsável e não “populista” como apregoam alguns, sobretudo a grande mídia, desejando com a comparação com o Lula, enquadrar o governo Dilma? Acho que chegou o momento de ao fazermos alguns questionamentos, estarmos à altura para ajudar o governo nas rupturas necessárias.


Porque devemos manter um superávit primário de tal monta? A política de juros altos, é a única e mais eficaz ferramenta para conter a inflação? Parece que não e alem disso aumenta nossa divida, transferindo recursos da população para os bancos e rentistas. Porque persistir? Devemos repensar nossa política econômica, justamente agora que ganhamos credibilidade e parece que ganhamos aliados e os novos “companheiros” da oposição. A política de cortes e ajuste, não se mostrou desastrosa e ultrapassada? E a atuação contrária vitoriosa? Como parar com os concursos se necessitamos de profissionais para a área da saúde, educação e infraestrutura? Porque não avançar na verdadeira reforma agrária? Porque não aproveitar os reclamos dos novos “companheiros” e efetivar uma política tributária “progressiva”. Vamos fazer um grande pacto e desprivatizar o SUS. Regular, fiscalizar e desestimular os planos de saúde. Fortalecer e transformar os hospitais universitários em verdadeiros centros de excelência, dependendo cada vez menos dos grandes hospitais privados, que podem e devem continuar complementares e não como primeira opção.

Companheiros, o PT deve jogar nas contradições dos adversários e não se afundar em suas próprias. Devemos transpor os nossos limites muitas vezes, imaginados e construídos por nós mesmos. Devemos sim fazer com que nossos adversários atinjam seus limites para logo caírem as mascaras. Lula nos deu régua e compasso, lançou as bases para a formação de uma nova nacionalidade. Organizou uma política de massas em todos os sentidos. Vamos ajudar a companheira Dilma no aprofundamento e consolidação de um Estado Democrático com justiça social. O PT não só não pode ficar de fora do processo como deve ser o centro de uma nova hegemonia transformadora. À luta companheiros(as).

Saudações petistas.

Reflexões II
 
Companheiros(as), a votação do salário mínimo, deixou à mostra as contradições da oposição. Contradições , fruto da necessidade normal do jogo oposicionista e tentar constranger o governo, sobretudo o PT. Ao tentar expor nossas contradições, terminam presos em suas próprias. Acabam, mesmo que demagogicamente, cinicamente, defendendo bandeiras do mundo do trabalho, como se fossem o PT . Como diz o filosofo, somos todos poetas e petistas. A falta de legitimidade, transforma-os apenas em um bando de “napoleões retintos”, prontos à desfilar na avenida como “indecisos” cordões. Este processo deve ser explorado pelo PT, para aprofundar as rupturas, com a companhia dos novos “companheiros”. Vamos fazer a reforma tributária progressiva, “companheiros”. Vamos aprofundar a distribuição de renda, reformular a politica econômica, diminuir o ganho “exorbitante” e “excorchante” dos bancos e rentistas, “companheiros”. Vamos fazer a verdadeira reforma agrária, “companheiros”, pois seus “ companheiros” da Europa e EUA, já à fizeram desde o século XVIII. Vamos desprivatizar o SUS, pois seus colegas da Inglaterra, Canadá e alhures já fizeram à longo tempo. Em suma, vamos aproveitar a massa de consumidores que se transformam aos poucos em cidadão para “ motivar” os novos “ companheiros”, para os “ saltos” reformadores”, enquanto vamos construindo uma nova hegemonia para realizar as verdadeiras “transformações”.

Vamos com isso transpor os “nossos limites”, até que os limites dos “novos companheiros”, apareçam e as mascaras caiam , mostrando a verdadeira face do retrato que envelheceu.

Esta atitude pode ser um caminho para a união das esquerdas. O que não podemos fazer, é cair na acomodação, no conformismo das nossas próprias contradições e no inevitável e intransponível limite das correlações de força, muitas vezes imaginadas e construídas, por nós. Vamos discutir, vamos construir, vamos propor, ajudando junto com os movimentos sociais, o governo à continuar, caminhando o bom caminho.

Saudações petistas.
Carlos Saraiva e Saraiva.
Núcleo Sérgio Buarque de Holanda

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